O Canto da Saracura tem seguido uma trajetória impulsionado por coletividades, e se propõe a ser um espaço em constante interação com a comunidade de múltiplas formas.
A partir de um mutirão de manejo agroecológico de roças, vivência que rendeu muitos frutos, surgiu a ideia de empreender coletivamente um plantio agroecológico de milho, em uma área disponibilizada de cerca de 1 hectare.
Partindo do entendimento de que a terra é de todxs e para todxs, estamos fazendo esse cultivo coletivo, abertxs a quem puder e desejar participar da construção deste processo, tendo ou não experiência com plantios e manejos. Todas as etapas, desde planejamento, até colheitas e formas de partilha, são feitas em conjunto, de forma autogestionada, com a força coletiva.
Gestão coletiva da terra e do milho, nossos bens comuns
“Ao longo da história, as sociedades inventaram e desenvolveram, principalmente em escala local, modos de gestão coletiva dos recursos naturais visando assegurar sua sobrevivência e sua prosperidade: os ‘comuns’. Tratava-se, em certos casos, de administrar a relativa raridade desses recursos e de prevenir os conflitos que essa raridade poderia gerar; muitas vezes, a escolha de um tipo de gestão correspondia à simples constatação de que este permitiria que uma maior quantidade de recursos disponíveis fosse mais bem aproveitada, preservando-os, ao mesmo tempo, para as gerações futuras e garantindo, desse modo, as condições da perpetuação e da renovação de suas sociedades.” (Os Bens Comuns, COREDEM, 2012, p. 6)
Quando o acesso à terra torna-se um bem escasso, num tempo em que êxodo urbano é um movimento latente, sufocado pelo enorme investimento financeiro que representa estruturar uma vida no meio rural, cultivar a terra coletivamente é ao mesmo tempo ancestralidade e solidariedade. Cultivar o milho em rede, em terra que não é comprada nem arrendada, mas sim que é partilhada como recurso comum, é um desafio a que estamos nos propondo para ultrapassar os limites que o modo de pensar capitalista nos impõe.
Simbólico, o milho crioulo, com sementes de diversas origens, é nosso esforço de conexão espiritual com essa planta de poder comunitária, nosso empenho de materializar os vínculos que nos fazem rede, e nossa aposta na abundância do alimento como caminho de crescimento para esta Rede Maquinense do Bem Viver que acolhe e amadurece conforme as safras vão passando.
Não foi preciso definir quantos quilos de farinha ficam para cada pessoa para reunir nossa gente. Não é isso que importa, e sim nossa confiança na equidade, na sabedoria coletiva, e na alegria de estarmos juntes e estarmos com os pés na terra.
Temos compreendido esse processo como uma oportunidade de promover conhecimentos agroecológicos localmente e fortalecer a autonomia e segurança alimentar na comunidade, além de amadurecer as relações de troca e apoio mútuo, co-construindo o bem viver em nosso meio.
Boa noite! estou implantando uma agrofloresta no Garapiá e procuro sementes criolas de milho, feijao e outras espécies…
poderiam me ajudar ?