Primeiro Festival do Milho Crioulo na Junana

Quem planta, colhe. Um ato que depende de nós, mas não só. Colhemos porque a terra abrigou e nutriu a semente que gerações e gerações humanas cuidaram, multiplicaram, selecionaram e repassaram. Colhemos porque a chuva a abençoou. Porque o sol a iluminou.

Agradecemos ao avaxi, milho Mbya Guarani, em suas coloridas variações. A ancestralidade que coexiste em harmonia com essas verdes matas há milênios, com quem hoje temos a alegria de co-habitar. Agradecemos ao Canto da Saracura, que acolheu essa roça comum. A todes guardiões e guardiãs desse território, seres encantados desse vale encantado. A todes parceirxs da rede local do Bem Viver que cederam suas sementes crioulas.

Plantamos coletivamente porque acreditamos que a terra é um bem comum e que o alimento é fruto sagrado a se compartir. (Mais sobre esse plantio coletivo aqui).

Essa foto é do primeiro Festival do Milho Crioulo na Junana – e temos entendido que Junana é uma cabocla. Teve muita pamonha – ou mbytá, cacica Julia nos disse, e que prefere assado. Mas fizemos cozido. Com alho nirá e alho poró de nossas hortas, com queijo da vizinha, com banana do quintal, com doce de abóbora gigante e infinita que a coletividade nos presenteou.

Pamonha no fogo de chão, em coletividade. Pamonha colorida. Em novos desenhos a partir da sabedoria ancestral.

Também teve bolo de milho com doce de goiaba colhida do pé. Espiga de milho cozida, assada no fogo de chão. Milho misturado na lentilha, no arroz. Milho, milho, milho.

A boa nova é ancestral – e se renova. É milho, avaxi, que permanece e se renova a cada espiga.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

1 + 2 =